Sanidade
Principais Causas de Problemas Locomotores na Avicultura Atual
Alexandre R. Lima
Eduardo, S. da Silveira
Lucio F. Carvalho
Luis E. L. Fogaça
Farias, S, M.
Lisboa, P, G.
Rafael Kummer
UFRGS/CDPA - Revista Sanidade Avícola
Sabe-se que o melhoramento animal de postura e de corte na avicultura, tem se baseado principalmente em dados de produtividade e de desempenho. Devido a este tipo de seleção, surgiram diversos transtornos locomotores, incluindo-se a discondroplasia tibial (DT), osteoporose, raquitismo, espondilolistese, síndrome da perna torta, necrose da cabeça do fêmur, pododermatite, doença articular degenerativa, rotação da tíbia e a síndrome dos dedos tortos.
Além de agentes infecciosos que causam enfermidades tais como: doença de Marek, micoplasmose, artrite viral e salmoneloses, podemos destacar outras causas de distúrbios locomotores:
a) Fatores nutricionais: os problemas nutricionais que influenciam o desenvolvimento ósseo são, principalmente, os desequilíbrios envolvendo o metabolismo de vitaminas, minerais e eletrólitos, além de outros nutrientes, tais como proteína e energia.
a.1) Balanço Eletrolítico: é estudado que o balanço de ânions-cátions pode influenciar a ocorrência de DT. Os principais íons envolvidos são o sódio, o potássio e o cloro.
a.2) Micotoxinas: sabe-se que ingredientes contaminados com certas micotoxinas podem influenciar ou agravar problemas esqueléticos. A aveia contaminada com Fusarium roseum causa DT. Aflatoxinas e ocratoxinas causam diminuição da resistência óssea, o que deve estar relacionado ao metabolismo da vitamina D.
a.3) Ingredientes da Dieta: diver-sas pesquisas mostraram o efeito benéfico de produtos como levedura de cervejaria e grãos de destilaria sobre o desenvolvimento ósseo.
Diferentes fontes de soja têm marcado efeito na ocorrência de DT. Em um determinado experimento, foram testadas três amostras de soja de diferentes origens sendo que duas delas causaram alta incidência enquanto que a outra causou uma diminuição na DT. Porém, quando a soja é submetida a um tratamento térmico, há uma marcada diminuição na ocorrência da DT, o que faz com que os pesquisadores considerem haver uma relação entre a ocorrência de DT e os conhecidos fatores antinutricionais da soja.
b) Genética: observações a campo indicam marcantes diferenças na incidência de problemas de pernas em diferentes linhagens de frangos. É provado que a maioria dos problemas esqueléticos têm uma forma de transmissão vertical hereditária. Pesquisadores mostraram que é possível selecionar para um aumento na resistência do úmero em frangos de corte e que, em apenas três gerações, apresentou diferenças estatísticas.
c) Efeito do Sexo: problemas de perna e defeitos esqueléticos são mais comuns em machos que em fêmeas, embora, seja muito difícil determinar se esses transtornos são devidos ao sexo ou a maior taxa de crescimento apresentada pelos machos.
d) Peso Corporal/ Taxa de Crescimento: pesquisas sugerem que o peso corporal por si só não afeta o desenvolvimento esquelético. No entanto, as altas taxas de crescimento têm uma estreita relação com o aparecimento de problemas locomotores. Isso pode ser comprovado através de práticas de restrição alimentar (menor taxa de crescimento), que conferem uma menor incidência de DT. Os transtornos locomotores representam uma realidade difícil de ser modificada, pois, para estabelecermos uma política de erradicação, além de nos preocuparmos com as causas infecciosas e genéticas, teríamos que abandonar a política de manejo alimentar consagrada nas criações comerciais.
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