Fallavena, Bello, L, C.
UFRGS/CDPA - Revista Sanidade Avícola
As lesões da pele em frangos de corte despertam interesse em função dos prejuízos que acarretam aos produtores, os quais decorrem da condenação parcial ou total das carcaças, da redução no valor do produto final, do aumento no custo da mão-de-obra, da redução na velocidade de processamento industrial e dos gastos com a limpeza e desinfecção das instalações. Os frangos de corte vem apresentando, na atualidade, desempenho muito superior ao obtido no passado, e a prevalência dessas lesões tem aumentado, muito provavelmente por causa das modificações efetuadas no processo de criação em escala industrial dos mesmos, tais como as genéticas e as de manejo. Com relação ao sexo, os machos têm velocidade de empenamento mais lenta, são mais agressivos e, dessa forma, mais afetados por doenças cutâneas associadas a traumatismos. Essas aves, em geral, movimentam-se menos, tendendo a permanecer mais tempo em contato com a cama e sofrendo arranhões provocados pelas unhas das outras. Esse problema pode ainda acentuar-se quando da ocorrência de outras doenças ligadas ao crescimento rápido, como é o caso da síndrome ascítica e dos problemas locomotores, as quais diminuem mais ainda a mobilidade dos animais. A densidade populacional alta é um fator muito importante para o aumento na ocorrência de lesões cutâneas, justamente por favorecer o contato das aves entre si. Além disso, a deterioração da qualidade da cama favorecerá a multiplicação de agentes patogênicos que poderão invadir a pele lesada e multiplicar-se nos hospedeiros.
No que se refere à nutrição, a utilização de rações com relação energia: proteína alta ou deficientes em aminoácidos como a metionina e a cisteína favorece o aparecimento de lesões na pele. O funcionamento adequado do sistema imunológico é de grande importância, uma vez que a pele está constantemente exposta a agentes infecciosos. Assim, a presença de agentes imunodepressores, incluindo-se infecções víricas tais como a doença infecciosa bursal, a doença de Marek, a anemia infecciosa das aves, a leucose e a reticuloendoteliose, além da ação de agentes químicos como as micotoxinas e outros podem desencadear doenças cutâneas.
A experiência obtida no trabalho de diagnóstico rotineiro e de pesquisa mostra que a classificação das doenças cutâneas não deve se basear apenas no exame macroscópico da pele, uma vez que isso freqüentemente resulta em erros. A maioria das doenças da pele causa aumento na espessura e alterações na coloração e na espessura da mesma sendo, por isso, difícil o seu diagnóstico macroscópico. Essa é uma das razões pelas quais, em muitos países, o serviço de inspeção veterinária nos abatedouros costuma agrupar as diferentes enfermidades cutâneas em uma categoria denominada "dermatite" ou "dermatose". A conseqüência disso é que faltam dados epidemiológicos indispensáveis para o conhecimento de muitos aspectos ligados à etiologia de algumas das mais importantes doenças da pele.
No CDPA, trabalhos de pesquisa estão sendo conduzidos objetivando a escolha de critérios mais adequados ao diagnósti-co correto das doenças cutâneas dos frangos de corte. O exame histológico parece ser a maneira mais adequada de diagnosticar-se essas doenças e, atualmente, estuda-se a possibilidade de se obterem dados que permitam inferir a doença mais provável a partir da associação entre o aspecto macroscópico das lesões e a sua localização no corpo das aves. As doenças da pele dos frangos de corte incluem a celulite, a varíola, o carcinoma dérmico de células escamosas, a forma cutânea da doença de Marek e outras dermatites (gangrenosa, de contato, traumática, micótica), as quais pretendemos abordar nos próximos números desta revista.