Informativo Semanal
Informativo Diário
AviSite
PecSite
OvoSite
Legislação
Busca Avançada
Cadastre-se
Contato
Anuncie
Patrocinadores
Terça-feira, 03/12/2024
Siga-nos:
CIÊNCIA & TECNOLOGIA - Trabalhos Técnicos

Manejo / Incubação

Prós e Contras da Proibição da Criação de Poedeiras em Gaiolas

Comprometimento com o bem-estar das aves tem alcançado dimensões amplas, envolvendo estudos de ordem econômica e política Autores: Maria Fernanda F. M. Praes (menegucci2002@yahoo.com.br) Otto Mack Junqueira (ottomack@fcav.unesp.br) Adriana A. Pereira (adri_zoo@hotmail.com) Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus de Jaboticabal - Departamento de Zootecnia Do ponto de vista sanitário e econômico, o sistema de bateria de gaiolas para poedeiras comerciais é atualmente o mais vantajoso. Por outro lado, os alojamentos para poedeiras sofrerão modificações com sistemas alternativos de criação, visando o seu bem-estar. A objeção quanto à criação em gaiolas tradicionais é, principalmente, em relação à restrição da liberdade das aves. Defende-se que elas exerçam seus comportamentos naturais, considerados primordiais para garantir a saúde e o conforto, como ciscar, tomar banho de areia, empoleirar e presença de ninhos. Além do pequeno espaço, a gaiola tradicional gera um grande desconforto para as aves, podendo causar canibalismo, problema nos pés e fragilidade óssea. Atualmente, o comprometimento com o bem-estar das aves tem alcançado dimensões bem mais amplas, envolvendo estudos de ordem econômica e política, já que os consumidores estão cada vez mais exigentes. Campanhas movidas pela mídia e a pressão de algumas ONG’s geraram críticas públicas em alguns países. Com isso, foi elaborada a Diretiva 1999/74/CE (Comission of the European Communities, 1999) que descreve as normas mínimas de proteção das poedeiras, onde uma das normas estabelece o uso de gaiolas para poedeiras somente até 2012. Especialmente na União Européia (UE), o banimento das gaiolas pode gerar uma perda anual de 354 milhões de euros para os produtores (Agra CEAS, 2005). Três países da UE impõem o adiantamento das mudanças exigidas no alojamento das poedeiras: Suécia, Áustria e Alemanha (maior importador de ovos). Nos Países Baixos, que são os maiores exportadores de ovos, uma movimentação no parlamento Holandês requeria a proibição da criação de galinhas poedeiras em gaiolas. O Ministério da Agricultura desses países solicita o texto da lei para verificar as conseqüências da proibição dos mesmos. Com isso, está em foco o estudo do custo de produção de ovos em diferentes sistemas de criação e a possibilidade de impacto na UE com a abertura desse novo mercado. A iniciativa européia de buscar o bem-estar das aves e atender as exigências cada vez maiores dos consumidores deve gerar uma grande mudança no setor produtivo avícola em nível mundial, afetando principalmente os países que exportam ovos para essa região. Com isso, a disponibilidade de sistemas variados de criação permitirá aos produtores brasileiros a flexibilidade para escolha do sistema que melhor atenda seus objetivos, de acordo com as exigências legislativas e a demanda de mercado. Criação em gaiolas modificadas ou enriquecidas Associando as vantagens econômicas e de manejo das gaiolas com as melhores condições de bem-estar para as poedeiras, foram criadas as gaiolas enriquecidas ou modificadas. As mesmas são chamadas de enriquecidas por possuirem poleiros, ninhos, material de cama, lixa para desgastes das unhas, maior liberdade de movimentação e amplo espaço nos comedouros para que todas as aves se alimentem simultaneamente. Essas gaiolas são realidade em alguns países da UE (Suíça, Noruega, Alemanha e Grã – Bretanha) e vêm sendo banidas nos países que não permitem gaiolas para a criação de aves. A modificação das gaiolas não resolveu todos os problemas, pois alguns comportamentos naturais das aves como forrageamento e banho de areia são limitados ou não realizados. Como as galinhas não são debicadas, problemas com bicagens entre elas têm sido observados nesse sistema. Criação em piso Os sistemas de criação em piso podem ser similares aos galpões empregados para a criação de frangos de corte ou podem ter parte do piso perfurado, com grades que separam as aves de suas fezes. Por haver maior espaço, as aves desenvolvem suas atividades naturais com maior facilidade. Aliás, em 2007, muitas de nossas poedeiras de ovos vermelhos eram criadas no sistema-piso. Esse sistema possui um ou vários níveis, que devem apresentar cama, ninhos e poleiros. No caso de vários níves, haverá melhor aproveitamento vertical do galpão. Mas, esses devem ser dispostos de maneira que evite a presença de fezes nos níveis inferiores, com máximo de quatro níveis e distância mínima entre os níveis de 45 cm. A Diretiva 1999/74 da UE determina as condições que devem ser seguidas nesse sistema alternativo às gaiolas (Quadro 1).

Criação com acesso a piquetes (free range) O sistema em piquetes é aquele em que as poedeiras têm acesso a uma área externa ou abrigos móveis que permitem a mudança de local quando as gramíneas estiverem desvastadas, possibilitando sua recuperação. Este é um sistema que exige um monitoramento constante, evitando-se o aparecimento de moléstias entéricas, como as verminoses e a coccidiose. Portanto, trata-se de um sistema de alto risco. O não descanso da área entre um lote e outro também é um problema. A recomendação da Diretiva 1999/74 da UE é no máximo de 9 aves/m². Ovos identificados Além das mudanças no sistema de criação das galinhas poedeiras, em algum tempo, a qualidade dos ovos será controlada com mais rigidez no Brasil. Atualmente, em toda a UE cada ovo já é carimbado individualmente, com códigos padronizados, que permitem que o ovo seja rastreado sem interrupção ao longo de toda a cadeia. Isso protege tanto o consumidor quanto o criador. A transparência em toda a cadeia alimentar garante segurança máxima para os consumidores. Os ovos recebem um carimbo na casca, permitindo identificar o sistema de criação, o país de procedência e o produtor. Questão sanitária As criações alternativas não têm apresentado bons resultados do ponto de vista sanitário. Os ovos provenientes de gaiolas enriquecidas têm maior índice de contaminação na casca, comparado com os ovos de gaiolas convencionais (HFSA, 2004). No caso da criação em piquetes, a contaminação dos ovos pode ser efetivamente maior devido à exposição das aves a uma grande variedade de agentes infecciosos, como animais silvestres ou insetos vetores (Alves, 2008). Além disso, outros fatores são preocupantes, tais como: controlole do canibalismo e do consumo alimentar, aumento na perda de ovos, dificuldade em identificar galinhas sem produção e piora na qualidade do ar (maiores níveis de poeira e amônia). Os sistemas com gaiolas convencionais têm maior facilidade de manejo, consequentemente, o controle sanitário é maior devido à possibilidade de maior higienização, comparadas aos sistemas alternativos. Porém, as gaiolas convencionais não estão de acordo com as normas de bem-estar das aves. Aspectos econômicos Apesar do avanço tecnológico, os custos de produção dos ovos nos sistemas alternativos são em média 20% superiores aos obtidos com as gaiolas em bateria, pois os mesmos são aumentados com poleiros, alimentação, alojamento e mão-de-obra, além da menor produção de ovos. Da mesma forma, os custos de produção dos ovos em gaiolas em bateria que exijam um espaço mínimo de 750 cm2 por galinha são superiores aos atuais. Com o aumento do espaço mínimo por galinha em gaiolas tradicionais, a diferença entre os custos de produção nos diferentes sistemas tende a diminuir. De acordo com esse relato, foi realizado um experimento com poedeiras alojadas em gaiolas enriquecidas para comparar o custo de produção desse sistema e da criação em gaiolas convencionais com 550 cm² de espaço por ave. As avaliações indicaram que o custo de produção por quilo de ovos produzidos em gaiolas enriquecidas foi 7,8% superior. Os custos suplementares resultantes do aumento do espaço por galinha em gaiolas em bateria ou da mudança para um sistema alternativo são essencialmente custos de investimento, que são concedidos aos produtores europeus com financiamento da UE e dos governos nacionais ou ainda através de regimes nacionais de ajuda, aprovados pela comissão. Assim, é possível suprimir as desvantagens concorrenciais para os produtores dessa região, comparados com as importações de produtos obtidos em condições menos rigorosas de bem-estar. Considerações finais O setor avícola brasileiro precisa estar preparado para o desafio de manter a oferta de alimentos e atender as exigências dos consumidores com os novos sistemas de criação de poedeiras. O produtor nacional tem condições de atender as exigências do mercado externo, principalmente no que diz respeito à densidade populacional, podendo proporcionar às poedeiras o bem-estar necessário, garantindo assim sua estabilidade no mercado interno e externo.


Manejo / Incubação


































































CATEGORIAS

Administração, Economia, Planejamento e Política Avícola (8)

Alternativa (1)

Ambiência (8)

Equipamentos (3)

Estrutiocultura (2)

Manejo (1)

Manejo / Incubação (22)

Nutrição (28)

Outras Áreas (17)

Perspectivas para 2012 (1)

Ponto Final (1)

Produção (6)

Sanidade (47)

Saúde (1)