Administração, Economia, Planejamento e Política Avícola
Ari Bernardes da Silva
UFRGS/CDPA - Revista Sanidade Avícola
A avicultura nacional mergulhou numa crise sem precedente em toda sua história. Tanto as empresas avícolas grandes como as de médio e pequeno porte estão, por igual, trabalhando no "vermelho", consumindo as últimas "gordurinhas", acumuladas ao longo de suas existências. Algumas já seguiram o mesmo caminho de outras empresas nacionais: tiveram seus controles cedidos a grupos econômicos internacionais. É impressionante, para não dizer alarmante, a velocidade adquirida no processo de desnacionalização da nossa economia. É contagioso e tem características endêmicas! Tudo isso é feito em nome da globalização da economia porque, defendem seus adeptos, no final quem se beneficia é o consumidor. Segundo eles, a economia globalizada significa a derrubada das barreiras alfandegárias e o livre trânsito das mercadorias, independente de suas origens. A prova disso é a proliferação das lojinhas tipo "um e noventa e nove", na atualidade, "dois e alguma coisa mais", onde produtos de primeiríssima qualidade, oriundos dos Tigres asiáticos (hoje melhor denominados de gatinhos asiáticos) podem ser adquiridos pela população brasileira. Sem dúvida, uma das maravilhas da globalização!
Além disso, o livre trânsito internacional de mercadorias, por enquanto, tem sido unidirecional, quer dizer, do hemisfério norte para o sul. Nossos produtos, quando fazem concorrência com os similares deles, são sobretaxados ou, então, alguma barreira sanitária é criada, às pressas, para impedir que eles sejam importados.
O colonialismo sempre foi praticado ao longo da história da humanidade. Engana-se quem pensa que essa tendência atávica do homem tenha sido eliminada das relações entre os povos modernos. O colonialismo apenas se transvestiu. É, agora, muito mais sutil, ardiloso, sem que com isso, seja menos perverso e cruel do que foi no passado.
Na época do Império Romano, suas legiões se deslocavam para invadir e conquistar territorialmente outros povos que, uma vez subjugados, tornavam-se possessão de Roma. A relação que, então, se estabelecia entre o conquistador e o conquistado era de ódio e o sentimento nacionalista de libertação florescia e era alimentado constantemente pela presença do conquistador. Esta tática foi abandonada pelo colonialismo moderno. Não mais interessa a ele o domínio territorial, mas sim o econômico e cultural. Esse último, mais como fator coadjuvante do processo. Portanto, nada ou muito pouco mudou, sob o ponto de vista ético, no relacionamento atual entre as nações: surgiu apenas uma forma diferente de dominação: o neocolonialismo.