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Dejetos na Atividade Avícola: Qual o Destino Ecologicamente Correto ?

Por Maria Odete Alves ,Engenheira Agrônoma, Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) - MG, Mestre em Administração Rural e Desenvolvimento pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG e pesquisadora do Banco do Nordeste - ETENE EscritórioTécnico de Estudos Econômicos do Nordeste INTRODUÇÃO Aconteceu nos dias 08 e 09 de junho de 2000, em Fortaleza, o IV Seminário Nordestino de Pecuária (PECNORDESTE 2000), que apresentou como tema principal "Agronegócio e Meio Ambiente". Assim, nos diversos fóruns de discussão específicos dos segmentos pecuários contemplados (apicultura, ovinocaprinocultura, suinocultura, aqüicultura, bovinocultura leiteira e avicultura) houve uma preocupação por parte dos expositores no sentido de discutir a necessidade de explorar as atividades de forma a obter resultados economicamente viáveis sem, no entanto, degradar o meio ambiente, priorizando a garantia da qualidade de vida das gerações futuras. Particularmente no segmento avícola, a questão dos impactos ambientais foi explorada com bastante pertinência na palestra proferida pelo prof. Evandro Abreu Fernandes, da qual se faz um resumo neste texto. 1. Crescimento da atividade no Brasil e impactos negativos no meio ambiente Fernandes iniciou sua palestra com exposição retrospectiva dos 40 anos de trajetória da avicultura no Brasil, evidenciando etapas distintas durante o processo. A avicultura brasileira teve início com a criação das integrações (década de 60), passando pela conquista do mercado internacional (década de 70), a adoção de tecnologias de abate e corte para atender as demandas interna e externa (década de 80), até chegar aos dias atuais, em que ocorre uma expansão das plantas de processamento, chegando ao produto industrializado cuja qualidade equivale à dos concorrentes do exterior. Não se pode negar que este fato merece comemoração. Entretanto, o crescimento da atividade gera outro fato importante, que diz respeito à sociedade como um todo. A realidade é que o nível dos impactos negativos no meio ambiente é ampliado com o aumento do volume de dejetos eliminados nas granjas (esterco) e por ocasião do abate e industrialização (efluentes líquidos, vísceras, penas, sangue e gorduras). Isso tem repercussões na qualidade de vida da população e, portanto, requer atenção e tratamento adequados. 2. Como minimizar os impactos negativos dos dejetos avícolas? Na granja Segundo Fernandes, a produção anual de esterco diário fresco e cama-de-frango numa empresa integradora com abate diário de 10.000 aves é de, respectivamente, 456 e 3.024 toneladas, revelando o potencial de poluição na granja. Ressaltou também o fato de a composição química e microbiológica destes dejetos ser fator de contaminação ambiental, ao apresentar dados de pesquisa realizada por Pessanha, que revela a presença significativamente elevada de Escherichia coli em cama de frango (105 a 106 UFC/g). O esterco de galinhas poedeiras é um excelente adubo para culturas de hortaliças, enquanto que a cama de frango pode ser aproveitada na alimentação bovina. Porém, o conteúdo em macro nutrientes do esterco avícola varia de acordo com o tipo de material usado como base da cama, bem como com o período de tempo em que é usada. Uma cama de frango cuja composição de nutrientes é de boa qualidade oferece segurança do ponto de vista ecológico, para utilização na dieta de bovinos em fase de crescimento e engorda de vacas leiteiras, desde que seja feito o balanceamento correto das exigências energéticas, protéicas e de macro e micro minerais. Assim, é importante buscar a utilização de materiais que tenham uma boa composição nutricional, não danifiquem o ambiente e não interfiram no resultado econômico da atividade. - No processo de abate e industrialização Os processos de abate e industrialização do frango, por sua vez, geram subprodutos que podem se constituir em potenciais poluentes ambientais, se mal destinados ou processados incorretamente. Do processo de abate de 10.000 frangos/dia resultam cerca de 40.000 m3 de água com restos alimentares, conteúdo intestinal acidentalmente exposto, sangue, gordura, vísceras não comestíveis, penas, carcaças e partes de carcaças descartadas na inspeção sanitária, bactérias, além de inúmeros outros possíveis contaminantes. Sem dúvida, o destino final de todo esse material é algum curso d água, que corre o risco de ser contaminado, gerar odores e contribuir para a proliferação de doenças. Portanto, é fundamental que ele seja destinado previamente a lagoas de decantação e fermentação anaeróbica, pois mesmo após a separação dos sólidos a água ainda conterá grande massa contaminadora. Deve-se atentar, porém, para o fato de que tais dejetos representam importantes fontes de proteína, aminoácidos, energia e minerais. Corretamente processados, podem participar significativamente da composição das rações, reduzindo os custos de exploração da atividade. Comentários finais Não surpreende observar a discussão em torno do meio ambiente entre aqueles que trabalham no setor avícola. Não é novidade que a questão ambiental adquiriu relevância mundial, refletindo em todos os níveis e setores da sociedade. Deixou de ser uma discussão meramente acadêmica para adquirir contornos políticos. Também não surpreende a preocupação de Fernandes com o destino a ser dado aos dejetos decorrentes da exploração avícola e com a importância de se criar uma cultura para a sua correta utilização. É neste ponto que surge uma grande interrogação: como trabalhar a mudança de postura do homem com relação ao meio ambiente? Em primeiro lugar, não se deve perder de vista que a qualidade ambiental é essencialmente um bem público que somente pode ser mantido por meio de uma incisiva intervenção normativa e regulatória do Estado. Partindo deste pressuposto, conclui-se pela necessidade de um esforço no sentido de vincular os níveis municipal, estadual e federal das políticas ambientais e demais políticas públicas. Em segundo lugar, é fundamental que se estabeleçam processos educativos que envolvam a reformulação de valores éticos e morais, individuais e coletivos, que tem a ver com uma nova maneira de encarar a relação homem/natureza: a questão ambiental deve ser encarada como uma questão social. O trabalho educativo pode concretizar-se através de parcerias exercidas pelas mais diversas entidades como sindicatos, associações de classe, ONGs, empresas, secretarias de governo etc., e deve ter caráter não-formal, mas com objetivos, metodologias, conteúdo e periodicidade claramente definidos. O Banco do Nordeste, cuja missão principal é contribuir para o desenvolvimento, vem tendo constante preocupação com o tema. Um exemplo é a publicação recente do livro "Manual de Impactos Ambientais - Orientações Básicas sobre Aspectos Ambientais de Atividades Produtivas, no qual constam seções específicas dedicadas aos impactos ambientais da produção animal e da agroindústria. Além de chamar a atenção para os potenciais impactos ambientais negativos, são feitas recomendações de medidas atenuantes desses impactos e faz-se referência à legislação ambiental pertinente às atividades. Consultar e recomendar aos clientes a leitura do Manual é uma forma de sair da mera "preocupação ambiental" para a ação em favor do meio ambiente. Bibliografia DIAS, MARILZA DO C. O. (Coord.) Manual de impactos ambientais: orientações básicas sobre aspectos ambientais de atividades produtivas. Banco do Nordeste: Fortaleza, 1999. 297p. FERNANDES, E. de A. Impactos econômicos e ambiental do aproveitamento de subprodutos avícolas. In: SEMINÁRIO NORDESTINO DE PECUÁRIA PECNORDESTE, 4, 2000, Fortaleza. Anais... v.2, p.39-56, 2000. LEONARDI, M. L. A. A educação ambiental como um dos instrumentos de superação da insustentabilidade da sociedade atual. In: CAVALCANTI, C. (Org). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São Paulo: Cortez; Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 1997. P.391-408. Prof. Evandro Abreu Fernandes é Médico veterinário, Mestre em Nutrição Animal e professor de Nutrição de Não Ruminantes do Departamento de Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Na última década o Brasil ocupou a posição de segundo maior parque avícola do mundo, embora nos últimos anos tenha perdido espaço para a China (Fernandes, 2000). O artigo foi publicado, originalmente, pela Rede CTA-UJGOIAS - Consultant, Trader and Adviser, em 11/08/2000


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